Eliana Custódio*
Na comodidade do seu lar, nas vitrines das lojas, na favela, na escola e até no táxi! Difícil é encontrar um lugar onde a televisão não esteja. Veículo de comunicação de massa a TV – dependendo do seu conteúdo – pode sim alienar, mas pode também ser utilizada como uma excelente ferramenta de comunicação e conscientização.
Como bem observa o professor Ismar de Oliveira Soares, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo ECA/USP, educomunicação, “é um campo de implementação de políticas de comunicação educativa... mediadas por processos de comunicação e pelo uso das tecnologias da informação”. Seus objetivos específicos, segundo Ismar de Oliveira Soares, são: “promover o acesso democrático dos cidadãos à produção e difusão da informação; facilitar o processo ensino-aprendizado através do uso criativo dos meios de comunicação; promover a expressão comunicativa dos membros da comunidade educativa.”
Foi pensando em aproximar a TV da escola e debater temas de interesse da comunidade estudantil que nasceu o AL TV na Sala de Aula, um belo projeto abraçado pela diretora de jornalismo da TV Gazeta, Maria Goretti Oliveira e desenvolvido pela equipe do telejornal AL TV Primeira Edição (do qual tenho orgulho de ser editora-chefe), em conjunto com educadores de escolas alagoanas. A TV torna-se mensalmente – por meio do programa – um veículo capaz de interagir com a classe estudantil – pais, diretores de escola e coordenadores pedagógicos.
O projeto envolve 12 escolas das redes pública e particular de ensino de Maceió e aborda os mais diversos assuntos: cidadania, situação do ensino, violência, desigualdades; tópicos estes que são temas de reportagem exibidas no AL TV Primeira Edição durante três semanas e discutidos amplamente em sala de aula.
Depois das discussões, alunos, professores e diretores trabalham coesos para apresentar em dramatizações, música e dança o resultado de um mês de discussões e também participam de debates com especialistas nos respectivos setores. As apresentações ocorrem ao vivo, num programa temático, na última quinta-feira do mês.
A partir dessa experiência, uma das diretoras envolvidas no projeto deu um depoimento que atesta a validade do projeto. Segundo ela, a escola pública em que trabalhava tinha problemas de violência e drogas. Os alunos tinham vergonha de dizer que estudavam naquela escola. Selecionada para integrar o projeto, a escola foi uma das primeiras a se apresentar ao vivo.
O fato mobilizou a comunidade estudantil, que se empenhou para exibir um bom trabalho. A apresentação fez sucesso e mudou a auto-estima dos alunos, que começaram a sentir orgulho e a zelar pela unidade de ensino onde estavam adquirindo conhecimento e aprendendo a ser cidadãos. O AL TV na Sala de Aula tem tido uma boa repercussão na sociedade.; prova disso são as ligações e mensagens que a equipe recebe de instituições, diretores e professores de escola do interior do estado propondo engajamento no projeto.
Acho a iniciativa de grande validade pedagógica pois estamos utilizando a mídia televisiva como canal de incentivo à educação e a debates sobre temas atuais e recorrentes: cidadania, desemprego, meio ambiente, ações na escola, entre outros. O projeto também propicia a união e o engajamento do alunado das diversas escolas, que reflete sobre os assuntos em debate e também participa, seja com perguntas, seja apresentando no palco o resultado de um mês de estudos.
Considero também que outra validade pedagógica da iniciativa é sua contribuição para dinamizar o processo ensino-aprendizagem, estimulando não só os estudantes, mas também o corpo docente. E, melhor, o projeto AL TV na Sala de Aula é um caminho aberto para se refletir sobre a forma de pensar e fazer comunicação e educação.
*Eliana Custódio é jornalista/pós-graduada em Educação a Distância
elianacustodio@gazetaweb.com
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