Inexistem registros precisos acerca da criação da EAD no Brasil. Tem-se como marco histórico a implantação das "Escolas Internacionais" em 1904, representando organizações norte-americanas. Entretanto, o Jornal do Brasil, que iniciou suas atividades em 1891, registra na primeira edição da seção de classificados, anúncio oferecendo profissionalização por correspondência (datilógrafo), o que faz com que se afirme que já se buscavam alternativas para a melhoria da educação brasileira, e coloca dúvidas sobre o verdadeiro momento inicial da EAD.
Nessa época, a crise na educação nacional já era notada, buscando-se desde então opções para a mudança do status quo. Vale transcrever a citação contida no relatório de 1906, do Dr. Joaquim José Seabra, Ministro da Justiça e Negócios Interiores (que abrangia a Educação), ao Presidente da República. Textualmente, assim manifestava o titular da pasta:
"O ensino chegou (no Brasil) a um estado de anarquia e descrédito que, ou faz-se a sua reforma radical, ou preferível será aboli-lo de vez".
A educação a distância começou, portanto, num momento bastante conturbado da educação brasileira.
Devido a pouca importância que se atribuía à educação a distância e as muitas vezes alegadas dificuldades dos correios, pouco incentivo recebeu o ensino por correspondência por parte das autoridades educacionais e órgãos governamentais.
Em 1923, com a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, por um grupo liderado por Henrique Morize e Roquete Pinto, iniciou-se a educação pelo rádio. A emissora foi doada ao Ministério da Educação e Saúde em 1936, e no ano seguinte foi criado o Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação.
Outra experiência surgida em São Paulo foi a do Instituto Rádio Técnico Monitor, fundado em 1939, com opção no ramo da eletrônica.
Não há registros históricos do surgimento das entidades de EAD brasileiras, o que dificulta um relato preciso para os estudiosos dessa área educacional.
Em 1941 surge o Instituto Universal Brasileiro, objetivando a formação profissional de nível elementar e médio.
A Igreja Adventista lançou, em 1943, programas radiofônicos através da Escola Rádio-Postal de "A Voz da Profecia", com a finalidade de oferecer aos ouvintes os cursos bíblicos por correspondência.
O SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - iniciou em 1946 suas atividades e desenvolveu, no Rio de Janeiro e São Paulo, a Universidade do Ar, que em 1950 já atingia 318 localidades e 80 alunos; em 1973, iniciou os cursos por correspondência, seguindo o modelo da Universidade de Wisconsin - USA.
A Diocese de Natal, no Estado do Rio Grande do Norte, criou em 1959 algumas escolas radiofônicas, dando origem ao Movimento de Educação de Base, que foi um marco na EAD não formal no Brasil.
Em 1962 foi fundada, em São Paulo, a Ocidental School, de origem americana, sendo atuante no campo da eletrônica. Possuía, em 1980, alunos no Brasil e em Portugal.
Na área de educação pública, o IBAM - Instituto Brasileiro de Administração Municipal - iniciou suas atividades de EAD em 1967, utilizando a metodologia de ensino por correspondência.
A Fundação Padre Landell de Moura criou, em 1967, seu núcleo de EAD, com metodologia de ensino por correspondência e via rádio.
A história da EAD no Brasil registra também que, nas décadas de 60 a 80, novas entidades foram criadas com fins de desenvolvimento da educação por correspondência, sendo que algumas já estão desativadas. Um levantamento feito com apoio do Ministério da Educação, em fins dos anos 70, apontava a existência de 31 estabelecimentos de ensino utilizando-se da metodologia de EAD, distribuídos em grande parte nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Segundo o documento, as entidades que atuavam no setor tinham por objetivos básicos:
Levar o ensino às mais diferentes partes do país;
Fornecer conhecimentos específicos sobre determinadas matérias (profissionalizantes, de um modo geral);
Transmitir conhecimentos a pessoas que já exerciam uma profissão, mas careciam de embasamento teórico;
Orientar pessoas que pretendiam fazer exames especializados.
Relata também que os recursos financeiros para a manutenção dessas organizações eram provenientes, em sua maior parte, dos pagamentos efetuados pelos alunos a título de compra do material elaborado para o curso. Cerca de 5.000 cartas eram remetidas diariamente pelas organizações que desenvolviam, naquela época, o ensino a distância.
O levantamento a que nos referíamos citava, além das escolas mencionadas acima, as seguintes unidades educacionais:
Associação Mens Sana, com cursos a partir de 1967;
Centro de Ensino Técnico de Brasília, em 1968;
Cursos Guanabara de Ensino Livre, em 1969;
Instituto Cosmos, em 1970;
Centro de Socialização, em 1972;
Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação, em 1973;
Universidade de Brasília, em 1973;
Centro de Estudos de Pessoal do Exército Brasileiro, em 1974;
Universal Center, em 1974;
Fundação Centro de Desenvolvimento de Recursos Humanos, vinculado ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, em 1975;
Cursos de Auxiliares de Clínica e de Cirurgia, em 1975;
Instituto de Radiodifusão da Bahia, em 1975;
Empresa Brasileira de Telecomunicações - EMBRATEL, em 1976;
Banco Itaú, em 1977;
Associação Brasileira de Tecnologia Educacional - ABT, em 1980;
Centro Educacional de Niterói, em 1980;
Banco do Brasil, em 1981;
Universidade Federal do Maranhão, em 1981;
Colégio Anglo-Americano, em 1981;
Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior, em 1982;
Escola de Administração Fazendária, em 1985;
Projeto Rondon, em 1986.
É provável que outras instituições tenham iniciado suas atividades de EAD nesse período, entretanto a falta de registro em qualquer órgão faz com que se cometam falhas na formação histórica da educação a distância brasileira. Lançamos a idéia que o Governo Federal promova um cadastramento geral das entidades que desenvolvem a EAD no Brasil.
No fim da década de 80 e início dos anos 90, nota-se um grande avanço da EAD brasileira, especialmente em decorrência dos projetos de informatização, bem como o da difusão das línguas estrangeiras. Hoje se tem um número incontável de cursos que oferecem, por meio de instruções programadas para microcomputadores, vídeos e fitas K-7, formas de auto-aprendizagem.
Os registros históricos feitos, referentes às primeiras instituições, são extremamente importantes, entretanto tentar listar agora todas as experiências atuais é absolutamente impossível.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário